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Por que estamos desaprendendo a esperar?
A atual geração é caracterizada por uma população imediatista e muito impaciente, cada vez mais intolerante. Formamos uma população cada vez mais emocionalmente enfraquecida, frágil e com pouca capacidade de esperar. Define-se a paciência como o sossego com que se espera uma coisa desejada; é a capacidade de se tolerar contrariedades ou ainda, a capacidade de esperar sem desesperar. Quanto mais o tempo passa, mais percebemos o quanto a paciência está se tornando rara, isto é, cada vez mais escassa. De acordo com a Associação Médica Americana, a impaciência é um dos principais fatores de risco que levam jovens adultos à hipertensão arterial. Pessoas impacientes têm 84% mais chances de desenvolverem a pressão alta, o que pode culminar em um infarto ou em um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Provavelmente, pelo tamanho do texto, alguns não conseguirão ler até o final, justamente por falta de paciência.
Neste texto, procuro apresentar algumas das causas que contribuíram, e ainda contribuem, para que a nossa geração seja tão impaciente, apontando algumas possíveis soluções para este mal, infelizmente, tão comum.
É muito comum nos dias atuais nos deparamos com situações que demonstram a falta de paciência e a incapacidade das pessoas de se esperar por algo por um tempo prolongado. A título de exemplo, podemos citar as filas em locais como bancos, lotéricas, etc. Não é raro observarmos a inquietude de alguns indivíduos à medida em que o tempo vai passando. Uns começam a olhar constantemente para o relógio, olham de um lado para o outro, tentam olhar para o operador do caixa, como que tentando ver se, de fato, o funcionário do estabelecimento está executando o seu trabalho adequadamente, para tentar entender a demora.
Além do já exposto, também podemos dizer que poucos são aqueles que conseguem ler um texto mais longo e entender o que se está lendo. Uma boa parte da população parece não ter paciência nem para leituras mais densas. Mas o que estaria por trás de tanta impaciência? O que estaria causando essa perda da capacidade de espera?
Percebe-se que, quanto mais o tempo passa, mais parece existir um senso de urgência na população. O mundo capitalista, com a famosa frase Time is the Money (Tempo é dinheiro), escraviza as pessoas em uma ideia de que “tudo é para ontem”; “tudo gira em torno do lucro”; cada vez mais se busca fazer mais em menos tempo. Quanto mais o tempo passa, mais se buscam as facilidades, quanto mais fácil, melhor! Quanto mais ágil, menos tempo “eu perco”. Daí o sucesso dos fast food (comida rápida), por exemplo, e de outros setores. Cada vez mais as empresas investem em tecnologia a fim de se tornarem ainda mais rápidas para satisfazerem os clientes, os quais estão cada vez menos tolerantes à espera.
A cada experiência com um serviço rápido, as pessoas parecem querer superar tal vivência, buscando algo que seja ainda mais rápido. Celulares, Computadores, Internet, etc. Quanto maior a velocidade na operação desses itens, melhor! Por exemplo, quando uma pessoa se acostuma com um aparelho de smartphone que, até então, considerava potente, ágil e veloz, parece não estar mais satisfeita, buscando uma nova experiência com um aparelho ainda mais moderno, e assim por diante.
O problema de tudo isso é que acabamos submetendo o nosso organismo a uma pressão inconveniente, ultrapassando os limites do nosso corpo e da saúde. Vivemos como se pudéssemos manipular o tempo, acelerar o ritmo da vida. Entretanto, isso não é possível, gerando estresse e ansiedade, fazendo diminuir a paciência. A ansiedade, por exemplo, é algo que está intimamente ligado à falta de paciência, a um imediatismo psíquico.
Para que haja paciência, é necessário que exista o autocontrole, autoestima estruturada, maturidade para lidar com as demandas da vida e controle da ansiedade. Embora algumas pessoas tendem a ter mais paciência do que outras, todas essas questões citadas que estão relacionadas ao tema em questão podem e devem ser trabalhadas na Psicoterapia. A Psicoterapia com abordagem Psicanalítica, com a qual eu trabalho, investiga o Inconsciente do sujeito, a fim de identificar as verdadeiras raízes dos problemas psíquicos, inclusive, da impaciência. Cada ser humano é único e, portanto, cada caso deve ser investigado à parte.
Além da Psicoterapia, para melhorar este quesito, voltando a ser uma pessoa com mais paciência e capaz de esperar por longos prazos (quando necessário) sem sofrer por isso, pode-se recorrer às seguintes atitudes: 1) descubra as causas: procure se lembrar da última vez em que ficou impaciente e se lembre dos motivos, devendo ser levados em consideração os fatores físicos, tais como sono, fome, dor, cansaço, etc; 2) faça exercícios de respiração: isso ajuda a controlar a ansiedade e o estresse, além de te distanciar emocionalmente da situação que te causou impaciência; 3) diminua o seu ritmo: aprenda a fazer as coisas com tranquilidade, contemple o que está ao seu redor, etc; 4) controle o perfeccionismo: desapegue-se do controle e aprenda a lidar com aquilo que você não pode mudar; 5) tenha empatia: colocar-se no lugar do outro é incrivelmente uma maneira de desenvolver a paciência.
Psi Wesley Lutero M. Da Silva
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Fonte: O Evidenciador